Adote um PREÁ by Willian Serafim

Jul 01, 2015 1 Comment by

PREÁ… Passar por essa fase a grande maioria dos pilotos já passou, pelo menos eu acho, alguns como o piloto residente em Brasilia Willian Serafim apostou em ensinar os passos para enroscar as térmicas, observar e realizar os primeiros voos de longa distancia, pelo visto está dando certo.

 

 

 

Parapente

Sobre o Autor

Instrutor de Asa Delta | Parapente pela Confederação Brasileira de Voo Livre "CBVL" e Paramotor | Paratrike pela Confederação Brasileira de Paramotor "CBPM" | APPI PPG.

One Response to “Adote um PREÁ by Willian Serafim”

  1. Willian Serafim says:

    Voar livre

    Saber decolar e pousar é uma pífia parte do voo livre.

    Voar livre é aumentar sua frequência no momento que você decidiu voar. Neste instante você já está voando, seu cérebro começa a recordar todos os sentimentos dos voos passados e alçamos voo, um voo imaginário. Seus músculos começam a se retorcer como no voo, suas pupilas dilatam, seu pulso dispara, seu sorriso aparece, seus problemas somem… Você começa a olhar o ceu diferente, vou estar lá em alguns dias, aguarde-me.

    No dia do voo, você acorda em flamas, vai ao banheiro diversas vezes, seu corpo está a mil por hora, olha a condição, prepara o equipamento cautelosamente, você se sente vivo.

    Você encontra os seus amigos numa felicidade plena e parte para o voo. Desliga o celular e não quer que nada ou ninguém o disperse, aquele momento é só seu. Fala-se somente coisas boas, pensa coisas boas, faz coisas boas. É um momento mágico.

    Quando decola, seu espírito está em harmonia com o mundo, seu parapente é uma extensão do seu corpo. Você quer se manter no alto para ficar o mais tempo possível em voo. A hipófise aumenta a produção de endorfina que misturado a adrenalina lhe dá uma sensação ímpar de analgesia e euforia.

    Voar livre é participar do campeonato de Jaraguá, onde prima pelo espírito do voo livre que é voar e voar. Sem start gates, sem pilões a cruzar…. Voa-se simplesmente por voar, compete-se só com você mesmo. Pousar onde der para pousar, voar e voar. Que saudades.

    Voar livre é chegar na rampa e só marcar a proa e deixar o vento nos levar. Não é voar em cima de uma estrada o tempo todo para “facilitar” o resgate. Voar livre é cruzar roubadas, pois a condição pode estar lá e você vai ter que encarar para se manter mais tempo no ar. Voar é pousar em roubadas também é andar kms com equipamento e estar feliz. Conhecer pessoas novas, pousar aonde nenhum piloto jamais esteve.

    O voo livre é desprendido de bens materiais. É desapegar-se. O carro do voo é carro de todos. Um instrumento que todos vão utilizar da melhor forma para sua segurança. Como uma mesa de bilhar onde todos estão em volta se divertindo e não existe o dono da mesa.
    Voo livre é sinônimo de Fleury. Livre por natureza, com certa ressalva de tempo e recursos, rs. Voar livre é acreditar no que disse Fleury no 1º dia que voei em Brasília “… faça seu voo, onde você pousar, a gente te pega…”. Neste dia pensei “Achei meu lar”.

    Amizade e solidariedade, o alicerce do voo livre. Voo livre é dizer no rádio para o seu colega de bonde para ele parar de caminhar, pois iremos pegá-lo onde for necessário com as coordenadas, não sendo necessário ele estragar sua coluna carregando o equipamento pesado, só se gasta a gasolina do carro. Voo livre é retornar contra vento para voar com seu parceiro. Se tiver mais experiência que ele, voar lado a lado, comentando o voo e o “levando”. Voar livre é ir num bonde, pousar longe ou perto ou pregar, e voltar noutro carro amarradão. Voar livre é ficar feliz por ter pregado e imensamente por seu amigo ter feito voozão. O voo livre é felicidade geral sem competição. Contagiante esse sentimento de euforia.

    Paraglider não é um esporte e sim um estado de espírito sublime e único em nossas vidas. Voar é passar a semana toda com uma cara estasiada que provavelmente nenhuma outra coisa do mundo irá lhe proporcionar. É ficar, em tempos de chuva, uma hora dentro do carro ouvindo músicas pirantes com os olhos fechados e voando na lembrança.

    Voar livre é ficar mais próximo com o Criador e tudo de bom que está lá em cima é esquecer as diferenças e padrões. É aceitar os pequenos defeitos de seus amigos e focar naquilo que todos temos de melhor, o voo. É nos desvencilharmos desse mundo, quebrando as argolas pesadas em nossos pés. É criar asas de nylon. É agradecer as fábricas de parapente por existirem. É agradecer a Deus por estar vivo e nos ter dado esta dádiva de poder voar como os pássaros.

    Voar livre é ser romântico e acreditar que isto tudo acima ainda pode existir plenamente.

    Por Willian Serafim / DF

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