Final de semana com voos de 3 digitos na Serra da Moeda – MG
Mar 06, 2012
6 Comments
Chegando na serra, ao passar pelo pouso do moedinha, já tinha visto que o vento estava sul, mas tinha um piloto voando, em uma vela que eu não conhecia, provavelmente aluno. Ao passar pelas antenas vejo que o aluno pegou um elevador, e mesmo sem rodar estava subindo muito rápido pra ser apenas 10:30 ainda. Pensei em decolar logo depois que eu vi isso, mas como ainda estava testando o Zefira (só tinha dado dois preguinhos no sábado) resolvi esperar a condição amadurecer pra não pegar bolha muito falhadas. O Ney chegou por volta das 11:00 já na pilha pra decolar, eu só escutava a cada dois minutos “bora Leozim, olha a condição aí, já tá tudo formado lá pra trás, hoje vc alcança seus 3 dígitos”. Depois de enrolar ele um pouco com o objetivo de esperar a condição amadurecer, pois ainda estava testando meu Zefira, comecei a me arrumar e por volta de 11:40 estávamos todos prontos na rampa, eu, Ney, Hercules, Paulista, um outro paulista e o Toddynho. Um duplo tinha a recem decolado (salve engano o Igor) e logo após bater em uma bolha consistente já decolaram quase todos atrás, ficando apenas eu e o Hercules na rampa. O Paulista infelizmente decolou com um nó nas linhas do freio e teve que abandonar o vôo, o Toddynho só subiu pra fazer suas piruetas, e o Ney ficou ralando, pois a termal que parecia ser consistente falhou. Logo em seguida o Ney começou a subir, e o Hercules resolveu decolar, era um momento muito sul e logo na decolagem levou uma assimétrica grande, que me fez esperar um pouquinho pra decolar e me atrasar no vôo. Esperei entrar de frente e decolei muito tranquilo, mas já não consegui pegar a termal que levava o Ney e o Hercules pra base. E eu só pensava “não acredito que eles vão estampar e eu vou pregar aqui no moedinha…”. Depois de alguns longos minutos de ralação vi uns urubus subindo bem rápido logo depois da estrada e resolvi ir neles. Foi nesse momento que eu me encantei com o Zefira, ele foi muito rápido e sem perder muita altura, fiquei impressionado (acredito que vai deixar muita D low pra trás). Bati nela e consegui arredondar subindo a 3 3,5 até a base. Resolvi tirar acelerado pra testar o equipamento e pra tentar chegar nos Hercules e no Ney, que nem no visual estavam mais. Tava voando muito rápido e logo logo vi o Hercules em uma termal bem fraquinha entre o Japonês e aranha, botei em linha reta mas cheguei um pouco atrasado, ele já estava uns 300m acima de mim e eu já não achei mais nada. Depois de mais uma vez ralar bastante e ficar pensando “eu não acredito nisso” bati em uma bolha consistente que me levou denovo à base, fazendo com que eu chegasse no Hercules na proxima termal. Já juntos jogamos em direção a brumadinho mas entramos em um mega ralo, que só descia a 4 4,5. Eu optei por jogar um pouco mais a direita e o Hercules pela esquerda, foi quando parei de descer tanto e fiquei no zero a zero, ainda tentei avisar o Hercules, mas ele já estava baixo demais pra chegar nela, e acabou pousando por ali mesmo. Comecei a ter contato com o Ney, mas ele já estava atravessando a cordilheira e eu ainda subindo antes de brumadinho. Não acreditei que chegaria nele, mas peguei uma condição perfeita, subindo muito rápido e com um cloud até a cordilheira. A condição após a cordilheira estava muito falhada, e o Ney ficou muito tempo por ali. Eu já peguei um pouco mais madura e consegui me manter em uma altura razoável. Chegando em uma represa logo após Bicas, eu vi o Ney e já tirei na direção dele pois ele estava subindo e eu queria tentar começar a voar junto. Novamente entrei em uma condição falhada onde eu via o Ney subindo e só conseguia manter a minha altura, sem subir quase nada. O Ney acabou mapeando uma termal um pouco mais a frente, quando no toque de desespero eu joguei e bati na termal mais linda do dia, subindo a 3,5 redondo até a base, foi quando efetivamente começamos a voar juntos. Chegando em Mateus Leme, resolvemos tomar rota diferente, ele preferiu seguir por uma nuvem um pouco mais a direita, enquanto eu joguei em uma nuvem que estava exatamente na rota, mas passando por um grande azul. Os dois caminhos deram certo e acabamos pegando boas e consistentes termais, mas eu fiquei á frente pois eu tinha jogado mais reto na rota e nesse momento acabei ficando uma termal na frente do Ney. O vôo foi seguindo, com bastante contato no rádio, dicas do Ney, e perguntas cada vez mais frequentes do meu pai “Vocês estão em que km e a que altura?” Sem surpresas e com uma média boa, chegamos até o km 85, eu estava da altura da rampa quando bati em uma termal consistente com vários amigos urubus em volta e chamei o Ney, mas ele estava mais baixo e disse que não sabia se ia chegar, acho que foi o momento mais crítico do vôo dele. Tentou chegar de qualquer jeito e ainda conseguiu pegar ela muito bem e conseguiu estampar. Nessa hora eu ouvi no rádio palavras que me deixaram bastante tenso “É Leozinho, já pode estorar a champagne que os 3 dígitos vem só no planeio”, resolvi não comemorar antes da hora e respondi que eu só acreditava quando o odômetro virasse. Faltando 5km pros 3 dígitos eu consegui estampar denovo e na tirada já não podia mais conter o sorriso, e avisando no rádio que o odômetro tinha acabado de virar. Depois de receber os parabéns do Ney e do meu pai, voltei a me concentrar no vôo, pois ainda tinha bastante tempo pra fazer alguns km’s a mais. A bateria do meu rádio acabou e eu só ouvia o que o ney e o meu pai falavam, e assim acabei perdendo contato visual com o Ney. Continuei por mais duas termais bem clássicas de fim de dia, subindo bem, sem turbulência e até o teto do dia, que tava em cerca de 1300m acima da rampa. E fiz minha tirada final até o trevo de Bom Despacho, onde pousei ao lado da rodovia 262. O Ney chegou logo depois de mim e como ainda tinha alguns metros e bateu em um 0 a 0, tentou continuar no vôo mas acabou ficando 5km a frente. Completamos 141 e 146km. Logo após o pouso já recebi a notícia que o Hercules a Bete e o Rafinha estavam indo nos buscar, foi só caminhar 300 metros até o posto primavera e comer bem relaxado pra esperar o resgate mais eficiente que eu já conheci. Grandes amigos, conforto, ar condicionado e regado a muitas risadas de todos nós. Quero agradecer a todos que de alguma forma participaram desses 3 anos de vôo, que foram os melhores da minha vida. Hoje dia 5 eu completo 21 anos de vida, dia 8 eu completo 3 anos de vôo e eu não podia receber presente melhor do que esse vôo maravilhoso. Muito obrigado mesmo pelas vibrações positivas que com certeza fizeram a diferença. Aproveitando, eu queria dedicar esse vôo ao nosso amigo Rúbio, que mesmo não estando mais entre nós, com certeza está e sempre estará presente em nossos pensamentos. Uma pessoa de tão bom coração, jamais será esquecida por nenhum de nós que tivemos o privilégio de conhece-lo. Grande abraço a todos, Leozinho.