Será?… Não acredito!!!… by Marcio Pinto
Amigos Alados… Não quero criar polemica e muito menos acusar ninguém de nada… Resolvi escrever esse texto para dar apenas a MINHA opinião e alertar sobre um fato que presenciei em São Conrado – RJ nessa última sexta feira dia 18/05/2012… Cheguei na rampa por volta das 10:30 da manha com promessa de voo no Cristo Redentor, vento de frente com predominância de SE (alinhamento perfeito na rampa) e boa atividade térmica dentro do vale… Me equipei de olho em alguns parapas e asas sobrevoando a rampa, outras asas já partindo para o Cristo em cima da Rocinha…. Tudo perfeito, tirando uma grande parede de nuvem praticamente fechando todo o horizonte com chuva vindo exatamente de SE mas ainda bem distante, cerca de uns 15km de São Conrado… Me preparei rápido para decolar… Ao analisar a condição eu percebi que aquela parede já estava a uns 10km da rampa, tinha avançado bastante em menos de 10 min… Pensei bem e imaginei que não teria como fazer o voo do Cristo e voltar em segurança, preferi nem voar… Recolhi o equipamento e fiquei de olho na craca na esperança da mesma se dissipar… Ainda voando de Proto 2 linhas eu sei bem a dificuldade que teria para pousar numa condição de vento e chuva!… Fiquei na rampa dobrando o equipamento e ajudando os amigos dupleiros de Asa e Parapente saírem para um voo rápido sem problemas como podemos ver na foto… Bom, chegou um momento que a grande parede de nuvem estava dentro da bacia de São Conrado e a chuva já bem aparente colocava a dúvida no ar… Vai entrar ventão?… O bicho vai pegar?… Dá para descer rapidinho antes dela chegar?… Bom, hoje em dia esses questinamentos já bastariam para eu não fazer um voo solo e JAMAIS realizar um voo duplo colocando a vida de outra pessoa na dúvida de um risco… Um amigo saiu bem no duplo, de parapente vinho e partiu para a praia, o outro amarelo alinhou na rampa e saiu logo na seqüência… Ambos subindo bem já sobre influência da chuva chegando… O vento gelado na rampa já indicava o que estava por vir… Bom, eles deram umas espirais, orelhas, tomaram uns sacodes e no final terminou tudo bem, os dois pousaram na praia sem problemas. O terceiro que estava na rampa comigo, acelerado tentando sair antes da chuva chegar… Eu comecei a dar uma de capeta questionando se ele iria mesmo voar naquelas condições… Após uns 5 min de dúvida e conversa entra um vento de uns 50km na rampa, formando nuvens baixas e claramente uma situação extrema para qualquer piloto… Durou apenas 5 min, a chuva passou e tudo se acalmou… Ele mesmo me falou para ficar tranquilo que a nuvem era do bem… Ok, mas se não fosse???… Resumindo, minha opinião é que numa situação de dúvida como aquela, se expor e principalmente expor um passageiro a uma condição daquelas não deveria ser a atitude de pessoas 100% envolvidas em uma atividade comercial e que recentemente teve um episódio trágico na mídia… Pude perceber que a cabeça dos pilotos profissionais não mudou… Como uma imagem vale mais que mil palavras, seguem algumas fotos do dia e façam vocês mesmo um questionamento se essa era uma condição segura para se levar outra pessoa para voar… Eu não quis arriscar minha pele, muito menos arriscaria a de um ”cliente”, mas o meu voo não era pago e eu estava por prazer… Ali naquela hora eu lembrei porque não freqüento mais São Conrado!
Márcio Pinto