BASE da BGD by Lucas Machado
Ontem eu tive a oportunidade de voar um exemplar de pré-produção do Base no meu clube na Serra da Moeda, onde pude melhor avaliar esta adorável asa. Compartilho aqui minhas impressões com aqueles interessados nesta nova vela.
O Base no tamanho M está certificado EN-B, na faixa de peso de 75 a 95kg. Voei com 95kg em um dia perfeito com térmicas acima de 6m/s e turbulências moderadas.
Deixem me dizer sobre algumas novas características que o Bruce incorporou no Base. Além do já conhecido nariz de tubarão, ele tem mini-nervuras reforçadas no meio de cada célula no bordo de ataque. Este genial dispositivo faz com que uma vela de 46 células se comporte como uma de 80 células, sem adicionar complexidade à estrutura interna.
Outro recurso inteligente é o “bordo de ataque duplo”, que é uma dobra no intradorso ao longo da envergadura, logo atrás da abertura das células. Isto ajuda a deixar o perfil mais limpo e rígido, além de reter a pressão interna agindo como uma válvula no caso de colapsos.
Outras coisas como CCB no bordo de ataque, mini-nervuras no bordo de fuga, baixo consumo de linhas, baixo peso total e esquemas de cores únicos já são características comumente encontradas nas velas da BGD, sem mencionar a famosa pilotagem Bruce Goldsmith.
A pilotagem: o Base é mesmo uma vela impressionante de se voar. Valeu a pena todo o trabalho envolvido. A inflagem durante a decolagem é fácil e direta. Ele flutua até a cabeça mesmo com um leve vento de cauda, como foi o caso ontem.
Devido ao seu perfil de pitch estável, você pode deixar o Base ir com os freios liberados, até que ele encontre o ângulo de ataque correto, para o qual foi projetado. Lá ele ira permanecer, atravessando áreas de turbulência, “sugado” pelo miolo das térmicas, onde o fluxo de ar é mais intenso e a pressão menor. Pequenos comandos nos primeiros 10cm de freio são suficientes para controlar o pitch e a rolagem, quando podemos nos sentir como se estivéssemos pilotando uma vela de competição moderna ou um veloz carro esportivo. Até aqui o freio é muito leve.
Dali em diante a pressão nos freios aumenta progressivamente, sendo surpreendente o quão longe ele pode ir e o quão devagar pode-se voar no Base (por favor, assegurem-se de que tenham altura suficiente ao experimentar novidades). Esta característica é muito útil quando se enrosca em térmicas fracas ou durante a aproximação em pousos curtos.
Pra mim, o grande prazer é quando se engata no miolo de uma térmica forte. O Base se comporta com extrema estabilidade, apenas com pequenos comandos, podendo ser pilotado só pela selete. Ele imediatamente te passa uma sensação de segurança enquanto se sobe aos céus como um foguete.
O sistema de acelerador é muito leve e eficiente. Aqui o Base mostra mais uma de suas mágicas. Ele passa pelas turbulências facilmente, sem a necessidade de se tirar o pé do speed, apenas controlando os discretos avanços pelos tirantes traseiros. E ele voa rápido, com o vento assobiando alto nos ouvidos. Na verdade, o rendimento do Base é próximo do Tala, mas com uma pilotagem mais fácil e refinada. O sonho de todo parapente.
O Base é um EN-B hot em performance, mas na parte de baixo do espectro, um B low, considerando a segurança, assim como o Tala em sua categoria. O Base foi realmente projetado para todos os pilotos EN-B que querem ir mais alto e mais longe, e também para aqueles pilotos que não estão felizes com seus pássaros indomáveis e querem algo que seja divertido, ágil e seguro. Afinal, o Bruce disse que o Base é o seu parapente preferido não é à toa.
Abs,
Lucas Machado