Crônica sobre Motor x Voo Livre

Ontem, conversava com um piloto “XC puro sangue” aqui do RS.
Grande companheiro de voo.
No meio da conversa, chegamos à conclusão, que desde abril de 2010, e agora, estamos no meio de Setembro de 2010, não foi possível voar por aqui.
Quem voou, saiu do estado, ou ainda, viajou para o exterior, para aproveitar o verão europeu.
É muito comum entre os pilotos de voo livre, certo preconceito em relação ao voo motorizado. Isto, muito em função do passado, onde a tecnologia e o conhecimento eram insuficientes, e os motores mal conseguiam levantar um piloto de 70 kg…. Pudera, usávamos hélices de 80 centímetros… hahahaha.
Como venho da aviação homologada, aeromodelismo, e sou um aficcionado pela aviação experimental, preconceito é algo que não passa nem perto de minha imaginação. Meu único preconceito é com a possível falta de segurança que algum equipamento por ventura possa vir a me transmitir. Então, lembrei ao meu amigo, que, ok. O voo motorizado EM NADA SUBSTITUI o voo livre. São duas modalidades totalmente diferentes. No entanto, se, ele por acaso, experimentasse, naqueles dias friiiiiios do RS, e ensolarados, decolar com um motor, e rapidamente, cobrisse uma distancia, por sobre as lindas montanhas, em direção a cidade de Gramado, de aproximadamente 30 – 35 km em uma hora, isto não o satisfaria??? Ou, ainda em tempo, se o dia estivesse propicio, e ele sentisse turbulências, ele poderia zerar o motor (não gosto da idéia de cortar) e aproveitar para subir nas térmicas….. Não seria gostoso?? Vi o brilho nos olhos dele, crescerem…. Ou aquele voo duplo que tão difícil é de programar o dia perfeito, que tal pegar o paratrike e dar um passeio com a esposa, namorada, filhos?? Ir à Nova Petrópolis, Gramado, Igrejinha, ou onde a mente levar….. Pousar, tomar um chocolate quente, e voltar para o ponto de origem, seguro e feliz? O que podemos querer, melhor do que isto? O sul do Brasil tem características climáticas européias, portanto, não devemos forçar a natureza.

Ao invés de ir para a montanha e fazer uma centena de pregos, talvez fosse mais prazeroso voar de motor em grupos, no inverno todo.

 Leandro Najfeld