Relato da Quebra do Recorde Paulista de Distancia com Parapente

Oct 11, 2010 No Comments by

Relato do Record Paulista, térmica por térmica, só para os amigos 

Olá amigos Parapentistas,

Bom, agora com o sono recuperado vou postar aos interessados o relato do vôo do Record Paulista, que embora pequeno, já perdurava há muitos anos e tava na hora de ser aumentado.O dia não prometia muito pela aparência, meio encoberto de nuvens baixas, mas com aberturas de Sol; porém a previsão dizia que durante o dia as nuvens se dispersariam e o Teto aumentaria, junto com a temperatura.  Usando uma formuleta que disponibilizaram aqui na net uns anos atrás (temperatura,  pressão, humidade, ponto de orvalho = base) consegui achar que o teto iria subir durante o dia até uns 2500 asl. É pouco, mas com vento empurrando seria uma chance boa de voar mais de 100 km, que é um número cabalístico e que todos nós gostamos muito de fazer.
A previsão não estava errada, vento forte no ch ão, mas como a rampa é baixa a diferença na decolagem não era absurda, possibilitando uma saída segura.  Mas ainda não era o suficiente, faltava ver a quantas andava a turbulência, pois um voo em condições mais “extremas” e com turbulência ainda por cima não é do meu agrado, eu abortaria a missão. Mas pra minha surpresa, o vento estava alinhando as térmicas e as nuvens e não havia turbulência forte, só as térmicas de sempre, suaves. Ao decolar fiquei como um abajur por uns instantes, até começar a “andar” pra frente, a idéia era esperar o amigo Marcelo Pio, de Campinas, que estava comigo e iríamos voar juntos.  Não deu pra esperar…  a deriva era muito forte pra trás da montanha e tive que ir porque cheguei na base muito rápido. Eu queria muito ter voado com meu Padrinho Anísio Fiorezi também, mas o vento meio que assustou o povo na rampa. A tirada foi de uns 15 km em linha reta sem perder nada, absurdo o planeio em baixo da base.  Uma térmica pequena e já alcancei a base novamente, que já
subira uns 100 mts, indo pra uns 1800 asl.  A segunda tirada rendeu quase 20 km mais, na cidade de Brotas.  Outra térmica só pra garantir, pois o planeio dava no Compeo de 25:1 com vento caudal o parapente voava a 75, 85 km/h.  Isso não assustava pois a todo tempo eu lembrava do PPI, dos SIV´s e da história do aquário, rsrsrs.  Nada de turbulência.  No Km 50 e pouco eu dei uma capengada por achar que não cairia mais, fiquei baixo em Dourados – SP, mas um morrote de frente ao vento me segurou num liftinho e BUMMMM, a térmica mais forte do dia 7 m/s, de pico.  Fui a 2.200 m. ASL, a essa altura fiquei muito tranqüilo e acelerei no caudal pra fazer render mais. Estava dando média de 49, 50 km/h.  Tiradas de 25 km sem pegar nada e sem perder nada.  Perto do KM 10 0, a condição acabou, se esvaiu, sumiu.  As nuvens desapareceram e uma capa de Cirrus sombreava o chão, os pompons bonitos não me acompanhariam mais, porém peguei uma termal fraquinha que me levou aos 2400 mts ASL, daí a parte da escolha que foi mais difícil.  Virar junto com o vento para SW ou forçar um través de SE e ir na proa aumentando a kilometragem.  Foi difícil a escolha,  horas eu andava no vento, hora desistia e ia no través, mas nisso foi rendendo.  Sempre andando a 80, 85km/h.  Já não me preocupava mais com os 100 km, parei de olhar a distancia da Takeoff e passa a olhar somente a página de velocidades do compeo, porque me preocupava muito a hora do pouso com vento forte, próximo a uma floresta densa de Eucalípto.  Mas deu tudo certo, acompanhei a rodovia fiz a aproximação padrão “perna do vento” e desci como um elevador suave em linha reta. Pés no chão, hora de sofrer um pouco.  Carona com o SOS da estrada até a cidadezinha mais próxima, Santa Adélia, exatos 162 km voados.  Um Onibus até Taquaritinga e daí o outro Bus só sairia as 2 da manhã. Menos mal, eu pude ir a uma Lan-house, baixar o voo e perceber depois de um tempo (caiu a ficha) que era o um voo modesto, mas era o novo Record Paulista e também Record da Rampa de São Pedro.
Enfim, agradeço a quem teve saco e paciência de ler esse relato de preá velho, que ainda fica muito Feliz com um voo.
Obrigado a Deus e aos amigos que tenho. Sem os quais a vida não faz o menos sentido.
 
 
Boni

Parapente

Sobre o Autor

Instrutor de Asa Delta | Parapente pela Confederação Brasileira de Voo Livre "CBVL" e Paramotor | Paratrike pela Confederação Brasileira de Paramotor "CBPM" | APPI PPG.
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