Valtemir Pereira”Billy” e seu relato sobre o evento no Himalaia de paramotor

Jan 26, 2011 No Comments by

Terminou no dia 22 o campeonato de voo paramotor realizado em comemoração  à abertura do ano do turismo no Nepal. Uma iniciativa do governo nepalês para mostrar as belezas do país e incentivar o turismo nas principais cidades. .. De olho no quinhão do turismo, o Nepal país pequeno que faz fronteira entre a China e a Índia e com aproximadamente 800Km de leste a oeste e 200km de norte a sul, promoveu diversas atrações esportivas, que envolveu atletas de diversos países.  No caso dos voos em paramotores, a população foi envolvida diretamente, pois a cada chegada nas cidades, havia uma receptiva e calorosa boas vindas. Os pousos e decolagens aconteciam em espaços abertos, geralmente em arenas de tundikel (espaço para jogos), onde as pessoas podiam ver e interagir com os pilotos sobre as curiosidade que envolve o esporte aéreo. Entre as principais cidades voadas e visitadas estava Lumbini, local de nascimento do Buda. .. O interesse maior da organização era mostrar-nos os locais de visitação, como o passeio pela mata no lombo de elefantes e vários templos hinduístas  e budistas… Afirmamos que foi uma excelente estratégia que o ministério do turismo encontrou para divulgar as sete principais cidades do Nepal e mostrar a hospitalidade de seu povo que é simples e muito acolhedor. E nós em contrapartida levamos duas asas de 12 metros, com a logo da Itaipu Binacional que gerou muita curiosidade e perguntas entre os pilotos de outros países, organização e população. As pessoas ficavam impressionadas quando dizíamos que nossa hidrelétrica sozinha gerava cerca de 20 % da energia consumida no Brasil… Agora no inverno, o Nepal passa por um racionamento de energia de 12 horas diárias e às vezes até 18 horas, em razão do baixo nível de águas nos rios, que são alimentados pelo gelo das cadeias do Himalaia. Nessa época do ano, há poucas chuvas e o derretimento nos picos não é suficiente para abastecer os reservatórios, colocando desta maneira as termelétricas em ação… Todo o bom hotel, restaurante ou loja, possui um gerador movido a diesel nos fundos de suas instalações. É realmente muito diferente da realidade que vivemos aqui no Brasil… Qualificação… A FAI, Federação Aeronáutica Internacional, ainda não nos passou a qualificação por país, mas como qualificação individual, ficamos eu Valtemir, em 10º e o Marcelo Menin de São Paulo em 15º. Consideramos um resultado satisfatório, uma vez que o Menin, ficou fora da última prova quando teve uma queda a baixa altitude, sem maiores danos e eu tive uma pane de quebra de correia da hélice, tendo que pousar em uma aldeia remota, também ficando fora de uma das provas. Desafios… Para a competição propriamente dita o clima não ajudou, baixa temperatura e visibilidade muitas vezes zero,  o que tornou os vôos inseguros, exigindo dos pilotos atenção redobrada no ar e confiança total em seus gps’s… Para voarmos com mais segurança durante as travessias entre cidades, tínhamos  que ganhar altura e atravessar espessas camadas de nuvens. Voando acima delas podíamos voar em céu azul, nessas condições tínhamos um preço a pagar, a temperatura estava sempre abaixo dos 10 graus negativos, era quase insuportável, mas valeu à pena. Voamos ao lado dos picos mais altos da Terra, como este da foto, a montanha Machapuchare com 6.993metros. O Machapuchare nunca foi escalado até ao cume. “A única tentativa conhecida ocorreu em 1957 por uma equipe britânica liderada por Jimmy Roberts, que chegou a 50m do cume, cumprindo assim a promessa de não chegar ao topo por respeito às crenças locais. Mesmo assim, e desde então, a escalada é proibida.” Wikipédia… Os ventos fortes geram rotores enormes nas montanhas do Himalaia, isso provoca fechadas inesperadas no equipamento e somados à falta de visibilidade contribuíram para  que o frances Jean David Blanc tivesse uma queda em uma das montanhas e ficando duas noites sem conseguir ser resgatado. Isso aconteceu devido à dificuldade do sobrevôo de helicóptero na face da montanha e altitude que que o piloto encontrava-se, cerca de 3.000 metros. Para esses casos tivemos o apoio total do governo que ativou as forças nacionais para ajudar no resgate do piloto… Minha opinião é que apesar das cadeias de montanhas do Himalaia ter sido o lugar mais inóspito e perigoso que já voei, foi uma experiência marcante e satisfatória. A visão que tínhamos era de tirar o fôlego, além disso, fomos muito bem recepcionados no Nepal… Gostaria de agradecer o apoio da Itaipu Binacional, que nos proporcionou parte dos recursos para encararmos esse grande desafio,  a Panorama Home Center, patrocinadora dos treinos, aos  colegas de trabalho da Superintendência de Segurança Empresarial, aos diretores  e todos os colegas da Itaipu Binacional, em especial ao Gilmar Piolla e Cel. Zattar. À ABUL – Associação Brasileira de Ultraleves, ao Major Albrecht, à minha amada família, e principalmente a DEUS, que é Quem faz realmente todas as coisas acontecerem.

Valtemir de S. Pereira

Paramotor

Sobre o Autor

Instrutor de Asa Delta | Parapente pela Confederação Brasileira de Voo Livre "CBVL" e Paramotor | Paratrike pela Confederação Brasileira de Paramotor "CBPM" | APPI PPG.
Comments are closed.